sábado, 30 de maio de 2009

Ironiazinhas.

Saiu esses dias o novo clipe de Patrick Wolf, "Hard times" — segundo single do álbum "The Bachelor". Bem artsy-björky mesmo, como lembrou a equipe do Bloody Pop.


Sentido por quê?


Aniversário me lembra de "Birthday" dos Sugarcubes — single que os lançou para a fama internacional. "Birthday" é uma grande música por sua falta de compromisso com qualquer tipo de verossimilhança ignorante, algo que parece marcar também a carreira solo da líder Björk. Uma menina de 5 anos que mantém um romance com um vizinho, que, por acaso, está completando 50. E atente pro refrão: pura melodia sem letra.


Today is a birthday
They're smocking cigars,
He's got a chain of flowers,
And sows a bird in her knickers.
(Em "Birthday" - The Sugarcubes.)


quarta-feira, 27 de maio de 2009

Agulha na relva.

Orgasmo auditivo. Tive uns há pouco. Muito contribuiu o fato de ter achado um blog tão aconchegante. O Aurgasm é a reunião de quatro blogueiros interessados em música além-do-rock-americano — como eles mesmos explicam, é para esperar músicas diferentes e, mesmo assim, agradáveis. Na última postagem, eles apresentaram Mélissa Laveaux: folk, soul, jazz e arranjos realmente impressionantes. A compositora e violonista autodidata é mais reconhecida pelo cover de "Needle in the hay" de Elliott Smith.




terça-feira, 26 de maio de 2009

Não te amo mais. Tchau!


Sou suspeito para falar sobre, sempre simpatizei com a figura que ela representa. Meio vazia — talvez só aparentemente —, meio demasiadamente humana — no aspecto carnal da coisa mesmo. Scarlett Johansson e sua voz rouca sexy cantando em estúdio pela primeira vez... Aí foi o ápice. Defendo mesmo. Talvez a melhor interpretação dela, ou, pelo menos, a mais verdadeira. Passou por Tom Waits. Agora está prestes a lançar, em colaboração com Pete Yorn, um álbum inspirado nas canções de Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot, "Break up". O primeiro single, "Relator", pode ser ouvido no site do álbum.

Via Noize.

In nerds we trust.

Não posso dizer que sou super fã do garoto, até porque acabei de conhecê-lo — via In new music we trust. Porém devo admitir que nada, em tempos, soou tão novo quanto essas faixas. Unicorn kid parece estar para além do eletrônico. É algum tipo de nostalgia, evidentemente re-re-reinventada, dos videogames dos anos 90 em forma de música.

"Lion hat", track que lhe rendeu certo reconhecimento:

sábado, 23 de maio de 2009

Crie seu próprio sistema de crenças!

"O pecado tem sido usado para envergonhar e controlar as pessoas". Tori Amos soltou essa frase em uma de suas últimas entrevistas, para defender seu novo álbum "Abnomally attracted to sin", lançado no último 19. A proposta é questionar o que as autoridades tradicionais definem como "pecado" e estimular que cada um pense seu próprio sistema de crenças.

Um dia antes do lançamento, a Universal Music liberou um vídeo em que a cantora analisa uma das faixas, "Strong black vine", relacionando-a com o panorama religioso do século XXI.



segunda-feira, 18 de maio de 2009

De peso.

O novo vídeo da banda Gossip mixa abstração e imagens saturadas. A edição é um show à parte. O single "Heavy cross" foi lançado em 28 de abril.



Via Cultura Clipe.

domingo, 17 de maio de 2009

Em cada esquina cai um pouco a tua vida.

Fiquei um pouco instrumental — e lacônico — esses dias. Só, ao ouvir por acaso Cartola e sua "O mundo é um moinho", retornei para alguma forma de expressão propriamente escrita. O blog Cibereza, de Kadydja Albuquerque, comenta sobre a música em postagem de hoje. Ela consegue condensar muito bem o lirismo explosivo da letra e dar um panorama breve da criação. Aliás, lindo o vídeo.






Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés.
(Em "O mundo é um moinho".)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Pendure-o na minha parede.

Edie Sedgwick, Lou Reed, Nico, Ingrid Superstar... Tais nomes remetem, de uma forma ou de outra, ao mestre do pop Andy Warhol e seus "screen tests". Junte essa produção silenciosa em preto-e-branco à música de Dean Wareham e Britta Phillips, e teremos o DVD "13 Most Beautiful... Songs for Andy Warhol's Screen Tests". A dica é do blog Mistura Básica. O vídeo na postagem, mesmo sendo apenas um trailer comercial do produto, mostra como o resultado é poderoso.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Algumas almas.

O até-então-secreto projeto que envolve Danger Mouse, Sparklehorse e o diretor David Lynch deixa de ser tão secreto... Mesmo continuando alegoricamente misterioso. Através do blog português Cálssio (do meu ócio), em uma postagem de hoje, fiquei sabendo de mais detalhes do "Dark Night of the Soul". O álbum conta com colaborações musicais de peso e um "projeto visual" de Lynch. O blog disponibiliza pra download uma faixa do álbum.


terça-feira, 12 de maio de 2009

Nada de sorrisos dominicais só pro domingo.

...nada perdido esse francês está na capital inglesa. Louis mantém o blog Day In Song Out, uma espécie de diário musical escrito em francês. Depois que se mudou para estudar em Londres teve a ideia de criar um blog para comentar sobre música diariamente, e sempre relacionando-as ao seu estado de espírito. No último dia 9, após participar de um show da banda, ele lembrou da faixa "A Sunday Smile" - Beirut — que pode ser ouvida no MySpace da banda —, mostrando certa indignação com a reação da plateia e compartilhando vídeos feitos por ele do show. É acompanhar e sustentar a inveja...

P.S.: Na foto Zach Condon, líder da banda Beirut.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Workin' in progress, broto!

Sabe aquele momento de epifania? "— Não."




Então, o Rizoma.net provoca tal sensação. Pelo menos sempre acontece comigo. Cinema é "Câmera-olho". Ciência , "Mutação". Música, "Esquizofonia". E nessa o site-blog se expande... No editorial, os editores Ricardo Rosas e Marcus Salgado defendem a transformação permanente, uma reformulação de conceitos, e não pela estética, mas pelo pensamento. O rizoma de música, em especial, promove algo pra lá do pensamento.

É pau, é pedra, é o fim do caminho.



Entre idas e vindas, entre boogies e woogies, tomei conhecimento do blog Boogie Woody
. Sem muito dar as caras e optando por uma anonimato confuso, o autor — ? comenta e compartilha rock clássico e jazz. Mas o que me chamou a atenção nem foi isso. Em um de seus últimos posts, o blogueiro discorre sobre o preconceito ocidental contra a música japonesa e apresenta Akiko, cantora japonesa de jazz. Já tinha ouvido alguns comentários a respeito, mas nada como alguns poucos links... Aliás, na página do Last.fm da cantora qualquer um pode escutar trechos. A versão dela de "Águas do Março" — "Waters of March" conta, sem dúvidas, com um belo arranjo.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Melosia, de fiapo a fiapo.

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento

Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair

Faíscas das britas e leite das pedras.
(Em "A fábrica do poema".)

Adriana é paradigma dentro da MPB. Não só por ter horizontes criativos e lirismo consistentes, mas por saber como introduzir seu experimentalismo dentro da indústria brasileira — que não é lá muito receptiva a isso, seja pelo público, seja pela "falta de incentivo"/ pressão do empresariado.

A gaúcha já fez vários covers —
detaque pra "Disseram que eu voltei americanizada", do seu début, "Enguiço", que interpretação! —, já atacou de animadora infantil — detaque pra "Fico assim sem você" do "Adriana Partimpim" —, já divagou sobre ser e mar — "Maré", primeira faixa do álbum homônimo —, já foi melancolicamente mulher — álbum "Cantada" —, já fez muita poesia, enfim. E destacar seu esforço poético é destacar o seu terceiro álbum, "A fábrica do poema", de 1994. Para chegar até este resultado, Calcanhotto trabalhou com vários compositores — entre eles Waly Salomão, Antonio Cicero e Arnaldo Antunes —, rearranjou músicas já existentes, escreveu em fragmentos durante as turnês, e até musicou uma resposta do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, famoso por "Macunaíma". Este ímpeto criativo — ela admitiu que viu, percebeu a sonoridade incomum daquelas palavras e partiu pro trabalho no mesmo instante — deu origem à primeira faixa, "Por que você faz cinema?": acesse o link pra ver a letra.





Textos-comentário do álbum "A fábrica do poema": aqui. Música com um pouco de melancolia e muita poesia.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sem finais felizes.



No ínicio de 2007, defendendo quase que mundialmente o sucesso "Grace Kelly", Mika parecia que ia desaparecer assim como surgiu. Não via muito além do pop chiclete, sinceramente. Mas não é assim tão grave... O álbum "Life in Cartoon Motion" se mostra muito mais forte quando analisado por completo. A grande diferença reside nos arranjos; que mesmo não criando grandes novos paradigmas, resultam num pop mais atualizado — se comparado ao pop produzido pela indústria fonográfica, principalmente a estadunidense. Alguns críticos apontam no resultado desperdício de treinamento clássico, embora eu acredite que a força do cantor libanês, que cresceu em Paris e Londres, esteja na criatividade proporcionada por esse treinamento.




O vídeo acima apresenta a faixa "Lollipop", single sucessor de "Grace Kelly" na promoção do álbum. A produção, dirigida pela irmã do cantor, atingiu sucesso considerável nos canais musicais, tanto por explorar o conto popular "Chapeuzinho vermelho", quanto pela realização técnica bem-sucedida, consoante com a proposta gráfica do CD. Deixo como dicas o blog dele e o vídeo de "Happy Ending", minha favorita.


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Apaixonado por...

Não dá pra saber. Com ele fico assim, querendo tudo ao mesmo tempo. Esperançoso. Patrick Wolf é um inglês de apenas 25 anos, com formação clássica e já três álbuns lançados. O negócio dele está em fundir música eletrônica com instrumentos não muito conhecidos do mundo pop — violino, viola, ukulelê, etc —, além das composições, um tanto românticas, um tanto folclóricas. O terceiro álbum, meu favorito, "The Magic Position", traz o amor como tema central. Talvez nem seja por isso meu favorito. As melodias, que se apresentam muito novas, originais; e a voz mais doce têm grande peso. Além de eu ter "acompanhado" o período anterior ao lançamento. Lançamento que o lançou, de certa forma, ao mainstream.

Apaixonado pela liberdade, ansioso por alcançá-la. Dessa forma se estrutura "Wind in the wires", seu segundo álbum. Indo de momentos de calma resignada até de fúria destrutiva.


This wild electricity

Made static by industry
Like a bird in an aviary
Singing to the sky
Just singing to be free
To be free.
(Em "Wind in the Wires".)





E o quarto álbum está pra ser lançado em junho, "The Bachelor". Já vazou na internet há um tempo. Um dos ápices, na minha opinião, é a participação da atriz Tilda Swinton em algumas músicas, como "The Voice of Hope". Hum. O primeiro single, "Vulture", pode ser escutado no MySpace do cantor.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Do amor feminino.

Tive que voltar. Ficou faltando um pedaço muito importante do post anterior: o vídeo de "Pagan Poetry". O diretor do vídeo, o fotógrafo de moda britânico Nick Knight — que já fotografou a cantora algumas vezes, inclusive pra capa do álbum "Homogenic" (ao lado) —, declarou que "é sobre uma mulher se preparando para o casamento e para o seu amante". O vídeo é considerado um dos mais polêmicos da música, justamente por trazer sequências de sexo entre a própria e seu companheiro mais-que-multimidiático Matthew Barney. Como se não bastasse, mais umas sequências de aplicação de piercings e um vestido que é basicamente uma saia — desenhado por Alexander McQueen. Como o próprio diretor gostou de destacar várias vezes, não é simplesmente sexualidade, é sobre o jeito feminino de amar um homem.





Mais informações sobre a música e o vídeo: aqui.

Enfin.


Pai, filho, espírito... Björk. Tinha que fechar essa tríade. E essa vontade só foi agravada pelo fato de ter lembrado hoje de "Dançando no escuro". Motivo? Não o lembro ao certo. Mas que filme belo! Atente, belo esteticamente. Nada do bonito de Hollywood. Nada contra, acho ótimo. Só que esse exige. E não é pouco, não. Bem capaz de lhe causar uma ruptura. E a trilha...





Composta e arranjada majoritariamente pela mesma, a trilha rendeu uma indicação ao Oscar de melhor de melhor canção original — "I've seen it all", a mesma do vídeo acima. Além do mais, vale destacar a força da interpretação da islandesa no papel de uma mãe que move vidas e mortes pelo filho — amor tão puro.

Pra além do feminismo, ela está. Na comunhão dos sexos. Aliás, um álbum que muito me marca: Vespertine. Sobre intimidade. Com outros, consigo, com o externo. E isso tinha que "acabar" onde? Na igreja! Pra apaziguar
— por hoje — "Pagan Poetry":





Ainda vou comentar mais sobre isso. E fica a dica pra saber mais sobre ela:
aqui. Deixando claro que são muitos contrastes.

domingo, 3 de maio de 2009

Comme Narcisse je contemple.

Complexificar é coisa mesmo dos franceses, é?

Como Narciso eu comtemplo

Nestes espelhos entre suas têmporas
O reflexo sombrio dos meus vícios
(Em "Rose hybride de thé" - Émilie Simon.)

Alguns direcionamentos devem ser comentados, pois não? A ideia era resumir o universo nesse blog, mas, por uma questão de in/significância e civilidade, tomei como mais pertinente — em relação a mim mesmo — comentar sobre algumas músicas, fazer algumas traduções, relacionar alguns elementos desse pop que me interessa. Experimenta melodias e estruturas, incorpora elementos clássicos, escreve com firmeza e sem pudor.

É o pop também do individual/-ismo. Refletir sobre si mesmo, contar histórias, traduzir momentos específicos. Bem longe do ready-made. Ao menos em se tratando de objetos que eram, até então, tão físicos. Tori Amos é um nome forte. Grande pianista, muitas experimentações, lirismo firme e rebelde. E muitas, muitas histórias. Diálogos a la Joni Mitchell, às vezes. Segue vídeo de uma apresentação ao vivo da música "i i e e e" — com direito a solo de piano! —:

I know we're dying
And there's no sign of a parachute.
We scream in cathedrals.
Why can't it be beautiful?
Why does there gotta be a sacrifice?
(Em "i i e e e".)



sexta-feira, 1 de maio de 2009

Ceci n'est pas une présentation.

Estar apresentável não é realmente meu objetivo com esse blog. E, talvez, esse seja um dos grandes lucros de se manter um blog — exercitar isso?. E como isso não é uma apresentação, vamos ao que interessa...

Silêncio. Ela reapareceu em 2007 assim. Vestidos old-school brancos, pretos ou em tons pastel, cabelo — mais — desgrenhado e, ainda por cima, tocando piano. PJ Harvey já mostrou seu lado inadaptável, insatisfeito, cru e dolorido em várias outras oportunidades. Afinal, são mais de 10 álbuns entre estúdio, demos e colaborações. "White chalk" ainda traz um estado que já não é mais, bem etéreo.

I freed myself from my family
I freed myself from work
I freed myself

I freed myself

And remained alone
(Em "Silence").




Engraçado começar por isso? Não.
Razões e motivações pra depois — naturalmente.